Museu de Angra expõe síntese da história do arquipélago

  Ultimam-se os preparativos para a inauguração da exposição de longa duração do Museu de Angra do Heroísmo: "Do Mar e da Terra... uma história no Atlântico".
  O evento tem lugar amanhã às 18h00 e é seguido de um concerto na Igreja de Nossa Senhora da Guia, pelo Coro da Casa da Música, que assinala a abertura da Temporada de Música 2011.
  A exposição marca o 62º aniversário do museu e constitui  a sua matriz de identificação, já que expõe as peças mais significativas do seu acervo. Em suma, trata-se de uma síntese da cultura e da história de Angra, da Terceira e dos Açores.
   Assumindo-se como a principal narrativa expositiva do Museu de Angra do Heroísmo, "Do Mar e da Terra...uma história no Atlântico" desenvolve-se ao longo de quatro momentos, que vão da descoberta e povoamento das ilhas até à contemporaneidade da Região.  A exposição situa os visitantes não só no tempo, através de várias cronologias e das próprias peças, mas também através do papel geoestratégico dos Açores.
  Para além das principais peças das coleções do museu, escolhidas quer pela sua importância na construção da narrativa histórica, quer pelo seu valor museológico, a exposição reúne ainda textos, fotografias e pequenos filmes. Os visitantes têm ainda acesso a um catálogo e a audio-guias bilingues.
  A exposição inaugurada amanhã resulta da requalificação de outra com o mesmo nome, que esteve patente entre 2000 e 2007. Esta deverá estar aberta ao público pelo menos durante o mesmo período.
  "Do mar e da terra... Uma História do Atlântico" divide-se em quatro momentos, distinguidos por diferentes cores e que se orientam de forma cronológica:  "O Conhecimento das Ilhas",  "Angra os Açores e o Mundo", "Liberalismo" e  "A Formação do Contemporâneo".
  A exposição do Museu de Angra do Heroísmo inicia-se com os descobrimentos, representados em primeiro plano por um modelo de uma caravela armada quinhentista e depois pela cartografia da época.
  Neste primeiro quadro é representada ainda a povoação das ilhas, tanto na vertente material como espiritual, que encerra com uma visão, de certa forma atemporal, sobre as festas do Espírito Santo, através de registos fotográficos e fílmicos das suas vivências e sequências rituais.
  Angra, espaço de projeção de dinâmicas sociais, económicas e políticas que dominam os Açores, nos séculos XVI, XVII e XVIII, transformando a cidade num importante interposto comercial do Atlântico, ocupa o segundo momento.
  Ao centro um modelo da nau de Santa Catarina do Monte Sinai. Lado a lado peças de mobiliário importadas e outras oriundas da ilha. Surgem aqui também peças ligadas à religião e ao poder local.
  Segue-se o liberalismo num terceiro momento, onde é realçada a criação da Capitania Geral, um dos períodos mais importantes da organização político-administrativa do arquipélago que prolonga a centralidade política da Terceira face a uma realidade local que lhe é cada vez mais hostil. Não podiam faltar também as referências a D. Pedro e D. Maria.
  A questão liberal vai, pelo menos em parte, preparar a entrada das ilhas açorianas na contemporaneidade, que estará bem patente nos estilos e gostos patenteados pela pintura, pela cerâmica e até pelo mobiliário e traje apresentados e que marca o quarto momento.
  Na reta final da exposição  surgem as novidades tecnológicas da viragem do século XIX, a fotografia que substitui o retrato a óleo, mas que mantém a pose, e o cinema que surpreende a todos.
  São ilustrados os principais problemas de uma sociedade rural e de uma economia de base agropastoril, as ligações difíceis ao exterior, a emigração, os conflitos mundiais, a importância geoestratégica baseada na navegação marítima que se transfere para a aeronáutica, a emergência da questão identitária e de um regime político-administrativo autonómico.
  É possível ainda assistir ao "Documentário Terceirense", numa representação de uma sala de cinema da época.

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