Carnaval na ilha do Pico


Estamos no mês de Fevereiro, mês em que se festeja a amizade, o amor e claro o Carnaval!
O Carnaval nos Açores é um misto de Entrudo, com bailes, matinés, danças, marchas, alegria muita brincadeira e não esquecendo a nossa rica gastronomia. Nos Açores embora tenhamos nesta época costumes semelhantes, alguns podem variar de ilha para ilha. Algumas tradições com o passar dos tempos foram desvanecendo mas outras ainda se mantêm.
Deixamos aqui neste post uma nota de Ermelindo Ávila que nos dá um testemunho do Carnaval da ilha do Pico antigamente e de como é na actualidade.  

Carnaval da ilha do Pico

Chegados somos ao Carnaval ou Entrudo, os três dias que precedem a quarta-feira de cinzas ou entrada na Quaresma.
E os dicionários definem o Entrudo ou Carnaval como dias de praticar jogos com água, talco, tinta, etc. Dias de folguedos – mascarados, em que se comem viandas e guisados de carne.

Por aqui eram as filhós, as fatias douradas; os torresmos e a linguiça, para aqueles que matavam porcos.
Mas esses hábitos tradicionais de comemorar o Carnaval hoje são raros ou mesmo já quase desapareceram.
Ponta Delgada ainda há poucos anos conservava a “batalha das limas e água”. E, naturalmente, mantém esse “violento” desporto. Nas outras ilhas, ao menos no Pico, é costume que há muito desapareceu. Conservavam as máscaras e o enfarinhar, com farinha de trigo ou pó de arroz ou talco, mas isso também foi a pouco e pouco, desaparecendo. Aliás era, por vezes, uma maneira grosseira de festejar o Carnaval. Foi substituído, e bem, pelos bailes de fantasias nas sociedades recreativas ou em algumas, poucas, casas particulares.
Na freguesia da Piedade havia o “bando”, um pregão pouco cortês, onde eram apresentadas, entre “chacotas”, as mazelas ocorridas durante o ano e que, na terça-feira de Entrudo eram apregoadas, e ainda são, de cima de um muro, aos muitos curiosos que lá apareciam e que, dada a maneira como eram apresentadas, eram motivo de grande hilaridade. Chamavam-lhe o“testamento do burro”, embora o animal tivesse caído de uma rocha e morrido há vários anos.
Há meio século, o Carnaval era comemorado nas quatro semanas que antecediam a Quaresma. Não passavam de simpáticas e acolhedoras reuniões familiares, nas quintas-feiras de amigos e amigas, compadres e comadres e nos sábados e domingos seguintes. Essas reuniões familiares serviam para ver algum mascarado que aparecia com seus entremezes a divertir os assistentes. Numa ou noutra sala, se o espaço permitia, bailava-se, a tradicional chama-rita nos intervalos das passagens dos mascarados. Depois, foram aparecendo as sociedades recreativas e era nelas que os bailes passaram a realizar-se, com notória frequência e com alguns figurantes fantasiados. Uma maneira, aliás simpática, de festejar a quadra, e passar o serão dentro daquele espírito de fraterna convivência que era tradicional.
    Presentemente, com as transformações sociais que se operaram, nem se sabe se estamos na época carnavalesca muito embora nas últimas quintas-feiras os amigos e as amigas, os compadres e as comadres se hajam reunido para uma “jantarada” que, outrora, seria a ceia. Estamos, pois, chegados à Quaresma. Um tempo forte para os católicos que os demais nem a isso ”ligam”, como dizem empavonadamente.
Mais um Carnaval está a decorrer. Que todos se divirtam com ordem, paz e harmonia.

Nota de Ermelindo Ávila
Fonte: http://domeuretiro.blogspot.pt/search/label/matan%C3%A7as%20do%20porco

Ana Cabrita e Andreia Goulart


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